Exposição Virtual - Morada Nova

Bem-vindo à exposição virtual do Projeto Flor de Chita. 

Estes painéis compõe o acervo do grupo que pode ser exposto em galerias, lojas e diversos espaços.

Estes trabalhos foram desenvolvidos durante o ano de 2009, com bordadeiras do bairro Morada Nova, localizado em uma área rural de Uberlândia/MG. Baseados nas memórias das participantes os onze painéis bordados emocionam por sua beleza e sensibilidade.















Eu tinha uns sete anos quando comecei a trabalhar na roça. Colhi algodão, plantei café, mas era gostoso, eu gostava. Esse negócio de ter brinquedo estas coisas nós nunca tivemos isso. Em 1989, eu morava em São Paulo e um avião caiu próximo à casa da minha família. Morreu minha tia, meu tio, a minha sobrinha e minha avó, depois disto eu voltei para o Morada Nova. Neste painel, bordei minha sobrinha como um anjo, brincando no céu e protegendo a gente aqui na terra.
Maria Aparecida da Silva, bordadeira participante do Flor de Chita.







Quando eu era criança a gente jogava muita bola na terra, pegava beirão no ônibus, agarrava na bicicleta e ia, nossas brincadeiras eram essas. Na roça a gente andava de cavalo o dia inteiro, íamos para o córrego e agarrávamos no cipó, como nos filmes do Tarzan.
A minha gravidez, é uma coisa que é da gente, depende da gente, mesmo quando velho depende da gente. É uma coisa que não passa. Por mais que vai crescer, vai casar, vai ter sua vida própria, mas não passa.
Lucilene Rosalina de Oliveira, bordadeira participante do Flor de Chita.


 



Eu nasci na roça e mudei para cidade. Com um ano e meio, fui morar com minha avó em Uberaba e depois com três anos eu vim para Uberlândia, morar no Bairro Morada Nova. Mas, praticamente passei a minha vida toda na roça, lá ajudava meu pai no trabalho. Ele ia tirar leite e eu ia ajudar, ajudava cortar cana e até dirigi trator.
Aline Josiane Justino, bordadeira participante do Flor de Chita.





Eu estou na sexta série, fiz compacto até a terceira série. Meu trato com meu marido era assim: eu aprendia a ler e teria que sair da escola. Só que eu aprendi e falei que ia fazer até a terceira, depois eu falei que fazia só mais a quarta, agora eu já estou na sexta série. Eu gosto muito de aprender. Por que agente tem que estar em constante aprendizado. Estudar é sagrado para mim.
Joelma Rúbia Freitas Silva, bordadeira participante do' Flor de Chita.

 




A minha história é de uma pessoa sofrida, que trabalhou muito e ao mesmo tempo soube viver a vida. Eu sempre vivi na roça, na lavoura. Minha vida foi sempre de muito trabalho, mas uma vida feliz porque tava com a família toda reunida. Me lembro também que em uma época, morava em uma cidade pequenininha, que tinha uma linha de trem e o trem passava bem perto de onde eu morava.
Tereza Pereira da Silva, bordadeira participante do Flor de Chita.















Nasci no Paraná, em Cornélio Procópio, me lembro de que a gente morava em uma casa de madeira. Depois nós mudamos para uma fazenda onde meu pai trabalhava com café, a gente também trabalhava eu era pequenininha e tinha até uma peneirinha de abanar café.
Adriana Pereira da Silva, bordadeira participante do Flor de Chita.






 Por causa do meu neto, ele tinha passado da hora de nascer e o médico falou que ele não ia escapar, pedi aos Três Reis que o abençoasse, para que ele se curasse, pois assim eu dava comida para sete inocentes, durante sete anos. E também fiz a promessa de batizar ele na Igreja Nossa Senhora da Abadia, então ele nasceu e eu batizei lá e ele sarou. Hoje tá aquele menino bonito!
Joana Soares de Morais, bordadeira participante do Flor de Chita.






Meu marido trabalha em um serviço muito cansativo e ele sempre falava que morar na fazenda é bom. Quando conhecemos o bairro Morada Nova que é em uma área rural, com chácaras, eu disse para ele vamos vender nossa casa e nos mudar para cá.
Eva Martins Tavares, bordadeira participante do Flor de Chita.





Meu pai casou 18 vezes, 19 com a minha mãe. Meu pai era baiano, minha mãe descendente de índio. Meu pai era boiadeiro, carpinteiro, pedreiro, tudo que mandasse fazer, ele fazia. Minha mãe fez tratamento para engravidar e não conseguia, depois tomou uma garrafada e eu fui a primeira.
A gente mudou para a favela na beira do rio, que é onde eu fui criada. Favela Uberabinha. Lá tinha o rio beirando, tinha a escola que a agente estudava. Minha vida lá era brincar porque eu fui criada solta, meu pai nunca me prendeu, ele só falava “sua cabeça, sua guia”. Eu era muito atentada e o meu cabelo era vermelho e grande.
Rosália Aparecida da Silva, bordadeira participante do Flor de Chita.







Eu comecei trabalhar com seis anos. Eu puxava carro de boi para o meu pai. Meu pai tomou conta de uma fazenda durante treze anos, eu e meus irmãos éramos os peões dele, trabalhávamos dia e noite, socando arroz, colocando milho no paiol e tratando dos porcos. Eu vim de Uberaba para aqui, direto para o Morada Nova.
Rosimeire Rosalino de Oliveira, bordadeira participante do Flor de Chita.








Meu sonho? Meu sonho é de ser atriz. Eu sempre vejo as pessoas fazendo novela, teatro e eu acho muito legal. O vilão tem muitas armações, se fosse para eu fazer um papel, eu queria fazer o de vilã, a mocinha é sempre queridinha pra cá, queridinha pra lá. O vilão é muito mais legal.

Moara Cristina Teodoro, bordadeira participante do Flor de Chita.